domingo, 23 de dezembro de 2012

O PRESÉPIO


 

 

 

 

 

 

            O PRESÉPIO

 

 

Sentada ali sozinha e desprezada

A embalar o filho que chora faminto

E a implorar ajuda aos que passam rindo.

É Natal! A calçada é fria e a noite vai ser longa.

Dobram os sinos da matriz

Ali bem perto nas casas da fortuna

 Taças brindam o nascimento do menino Deus

Todos se abraçam. Trocam presentes..

Agora a mulher e a criança choram juntas

Ela ergue os olhos para o céu

E murmura uma prece de dor e desespero

Que teima em não sair da garganta

De repente vindo do nada

Alguém chega e senta-se ao seu lado

Acaricia a criança e entrega a mãe o leite ainda morno

E comem algo em silencio

Eis que surgem  entre as sombras

E juntam-se  sorrindo e felizes

Três amigos do infortúnio

Trazem presentes

Uma garrafa de vinho barato,

Uma pequena boneca de pano

E algumas flores baldias

Agora ela abre um sorriso

Todos se abraçam na noite fria

Ao longe ouve-se o apito de um guarda noturno

 

 
José Wellington

Nenhum comentário:

Postar um comentário