OS ANJOS ESTÃO ENTRE NÓS
Lá se vão quase 60 anos.Era véspera
de natal.Na época passávamos por grandes dificuldades financeiras.O papai estava muito doente.A
criança pobre daquela época aprendia desde cedo, que o Papai Noel só existia
entre os afortunados.As vezes ganhávamos a famosa roupa das festas e sempre a
estreávamos na missa do galo,que começava precisamente por volta da meia noite.Como
éramos muito católicos,ir a igreja era a nossa maior alegria,precisamente em uma ocasião
como essa.O papai estava praticamente desenganado pelos médicos.A sua situação
era muito grave,a mamãe vivia chorando pelos cantos o que nos deixava bastantes
tristes.Nesse dia ela não queria ir a missa,preferia ficar ao lado do
marido,pois de hora em hora ele tomava algumas gotas de remédio,para aliviar as dores, e nós ainda éramos
muito pequenos para ficar incubidos de tal responsabilidade.Ela mandara o meu
irmão mais velho avisar a minha tia para que ela passasse por nossa casa casa para
poder levarmos a igreja, que não era tão longe.O papai ao tomar
conhecimento dissera:
- Ora Josefa! Não! Você tem que ir
assistir a missa com os meninos,pode deixar que eu faço isso sozinho
- Não Dé! Você pode adormecer e passar a
hora do remédio.Pode deixar eu fico com você.As crianças vão com a sua irmã.
-
Não Josefa!Eu quero que você vá.Não se preocupe eu não vou dormir
Eu que escutava toda a
conversa,disse para os dois que eu ficaria com o papai e quando chegasse a meia
noite eu acordaria ele se tivesse dormindo, e dava o remédio.Os dois a principio
disseram não,mas aceitaram com relutância quando eu disse que as orações da
mamãe para o Menino Jesus seria de maior importância do que a minha.Depois de
um longo silencio os dois concordaram.Naquela época em quase todas as casas,
tinham aqueles relógios de parede que batiam de hora em hora, e eles sempre ao
meio dia ou a meia noite, alem de soarem as 12 badaladas, ainda tocavam uma espécie
de carrilhão,portanto seria muito difícil não perceber as horas.E assim eu vi a
mamãe ir para a igreja com meus irmão e eu fiquei com o papai.Lá fora havia
muitas pessoas sentadas nas calçadas conversando e comemorando o natal com um
vinho barato acompanhado com um queijo coalho.Era assim naqueles idos de 1950/60.Eu tinha nove
anos.
Fiquei sentado ao lado do papai
conversando.- Como ele sabia contar uma boa estória!
E assim o relógio bateu a meia
noite.Ele me abraçou e me desejou com
lagrimas nos olhos: - Feliz Natal! Meu filho! – E eu respondi o abraçando: -
Feliz Natal! Papai! – E ali choramos juntos, enquanto ouvíamos lá fora o
foguetório e os vivas. Eu olhou para mim e disse; _ Filho! Deixe-me descansar
um pouco.Esse remédio me dá sono.Vá lá fora e vá desejar aos vizinhos um feliz
natal também.
Ao chegar na calçada eu senti-me
terrivelmente só.Fui de porta em porta saudar nossos vizinhos que se comoviam
ao perguntar pela a saúde do papai e quando o medico permitisse vizitas eles
iriam vê-lo.O Nossos vizinhos da direita era um casal de crentes que tinham duas
filhas.Desde cedo eles estavam recebendo amigos da sua igreja.Eram muito bons e
estavam preocupados com a doença do papai e nunca cansavam de pedir noticia e
se prontificarem para atender qualquer favor nós precisássemos.
O batente da nossa calçada era muito
alto,principalmente para um garoto franzino de nove anos. E sentei-me na borda e fiquei
ali balançando as pernas e acompanhando a trajetória dos foguetes que subiam e
de vez em quando eu corria para apanhar a flecha,esta era usada para fazer
arraia o que hoje chamam de pipa.Em pouco tempo eu já tinha um bocado
delas,afinal a concorrência praticamente não existia.Todos tinham ido para a
igreja.
E ali sentado vi alguém vir na minha
direção.Era um homem.Mas parecia diferentre dos demais que eu já tinha
visto.Vestia uma roupa muito branca e reluzente.A sua pele dava a impressão que
brilhava.O seu rosto demonstrava uma serenidade que nunca tinha observado em ninguém.A
principio eu tive muito medo e fiz menção de me levantar e correr para dentro de
casa.Foi aí que recebi a primeira mensagem telepática da minha vida.Era como se
ele falasse dentro da minha cabeça. Ele pediu que eu não tivesse medo e foi se
aproximando devagar até sentar-se ao meu lado.Daí o meu medo se foi e passamos
conversar sobre muitas coisas.Ele sabia de tudo a meu respeito.A escola,amigos
e até o meu comportamento em casa e sobre isso eu recebi alguns conselhos,como
respeitar as coisas de Deus,meu pai e minha mãe.Não me lembro de muita
coisa,mas de uma eu lembro muito bem,quando ele me disse que o papai ficaria
bom muito em breve, e que ele veio justamente para dizer essa boa nova para
mim.Perguntei quem era ele e a sua resposta foi: - Um dia você saberá quem sou
eu.Eu voltarei a encontrá-lo. E assim se despediu e como em piscar de olhos, eu
não o vi mais.
Demorou mais um pouco e a mamãe
chegou.Cumprimentou a todos e quando já ia entrando, a dona Maria a vizinha
falou:
- Dona Josefa! Olha o Litinho (esse era o
meu apelido de infância) se portou de um modo bem interessante!
- Ele se portou mal? - Perguntou
preocupada
- Ora não de maneira mal
educada.Ao contrario.Ele é muito atencioso,falou conosco,brincou um pouco e depois
foi sentar-se com canelinhas dele balançando na calçada.O que chamou a atenção
nossa foi que ele começou a falar sozinho e a gesticular,como se tivesse
falando com uma pessoa invisível.Nós ficamos curiosos e eu mandei a Ana saber o
que ele falava e ela disse que não entendia nada,parecia que ele falava uma língua
estranha.
- Não Dona Maria! Eu falava
com um homem e ele sentou-se bem aqui! – Disse eu mostrando o lugar
- E como ninguém aqui viu
esse homem?Disse o Sr José o marido
A mamãe pediu desculpas pela
a minha afirmação contraria ás pessoas mais velhas e entramos.Ela foi até o
papai e ele estava dormindo sossegado.e depois me chamou
- Meu filho! Você deu o remédio
na hora certa e contou as gotas certinhas?
- Sim mamãe!
- Agora meu filho! Venha cá!
Que estória é essa de homem invisível? Você desmentiu as pessoas mais velhas meu filho?
- Não mamãe! Mas o que eu disse foi
verdade.Eu estava sentado na calçada e de repente ele chegou bem na minha
frente e começou a falar bem dentro aqui da minha cabeça,para que eu não
tivesse medo dele. – Meus irmãos começaram
a rir
- Sim Filho! Continue.
- Aí ele ficou conversando
comigo direito, e eu gostei muito de falar com ele e das coisas que ele me
falou.
- E o que ele disse pra você
filho! – Perguntou minha mãe muito apreensiva.
- Ah! Muita coisa boa! Mas a
melhor foi quando ele disse que a gente não se preocupasse que o papai logo
ficará bom
- Mas filho! Afinal como era
ele?
- Mamãe ele parecia brilhar.As
suas roupas eram bem brancas e brilhavam muito.Mamãe! O que mais prestei atenção, era que ele estava descalço e os seus pés não tocavam no chão quando ele andava. Nunca vi uma pessoa igual a
ele,só com aqueles anjos do livro do catecismo eram parecidos,mas ele era muito
mais formoso,como diz o padre.
Minha mãe me abraçou e depois
a todos nós e começou a chorar, e começamos também a nos derramar em
lagrimas,até a nossa irmãzinha de um ano chorou também.
- Mamãe! Quem a senhora acha
quem era esse homem que conversou comigo? – perguntei um pouco assustado
- Filho! Não tenha medo dele,
se você voltar a vê-lo um dia.Ele é um
mensageiro de Deus filho,um anjo e gloria a deus nas alturas,hoje o nosso lar
foi visitado por um ser de luz.Vamos ver o papai,parece que ele acordou com
choradeira. – Chegamos no quarto chorando de felicidade,nos jogamos na cama
felizes enquanto a mamãe contava para ele a boa nova. E ele comovido disse: -
Eu sabia! Eu sabia que hoje seria um dia bem diferente.Graças a Deus eu ficarei
bom.
Duas semanas depois,
contrariando todas as previsões medicas, o meu pai já estava trabalhando na sua
barbearia.Aprendi que os milagres existem,os anjos estão entre nós, são
mensageiros divinos que nos ajudam e nos guiam por toda a nossa vida. Basta crermos
em Deus que eles estarão presentes ao
nosso lado.FELIZ NATAL
Estou doente e internado com tuberculose na Ucrânia. Tudo parece ter perdido o sentido mas anjos existem. Obrigado de coração . Спасибо , скоро мой ангел будет.
ResponderExcluir