MEU QUERIDO BAIRRO SANTO ANTONIO.O MAIS BONITO E POÉTICO DE ARACAJU
Hoje amanheci
com o coração cheio de saudade. Como é bom ser velho.Só os velhos carregam
muitas lembranças.Sentei-me no banco de uma praça e ali vendo crianças
brincarem as lembranças vieram a tona.A mamãe se foi muito cedo aos 44 anos.Eu
tinha 15 anos na época e quase 50 anos depois ainda guardo a doce lembrança e a
meiguice do seu olhar.O papai ficou com seis filhos, o mais velho tinha 18 anos
e a minha irmã mais nova 8.Ele nunca casou. Não queria dar aos filhos uma
madrasta, como também não jogar nas costa de uma mulher seis filhos. Não era
justo. Dizia. Foram anos duros e difíceis para o meu pai, mas ele conseguiu com
grandes dificuldades dar estudo a todos os filhos, pena que alguns de nós não
aproveitamos essa dádiva, inclusive eu.
Quando
entrei para o curso superior, com mais de 50 anos, ele estava bastante doente e
quando eu conclui este, ele já não estava
entre nós.Meu pai me deu muitas lições de sabedoria e eu as aproveitei e segui
o meu caminho.Ao longo dessa jornada encontrei pela frente muitas encruzilhadas
e acho que sempre escolhi o caminho certo.Aprendi com ele que a estrada correta
as vezes apresentam obstáculos e eu continuo transpondo-os, enquanto que
incorreta é fascinante e perigosa mas que exercem fascínios que cegam o caminhante
que não enxerga o precipício a sua frente. O vicio é o pendor do caminho dos
fracos É a estrada da perdição.No começo tudo se traduz como uma sensação de
liberdade.Dizem os pobres viciados este proporciona uma viagem psicodélica em
terceira dimensão.Jamais quis conhecer tal paraíso.Sempre gostei das coisas
simples,o mar,uma bela mulher, novos lugares,uma cerveja acompanhada de um bom
e saudável bate papo nos finais de tarde. Afinal de contas,eu sou um brasileiro
normal. Procurei e ainda procuro o caminho do bem. Meu velho pai dizia que:
“Ande com o bom que serás igual ou melhor do que ele e ande com mau que serás
pior do que ele”.A dignidade, honradez e
honestidade foi o trinômio do cabedal que aquele humilde barbeiro e uma
professora primaria legaram aos seus seis filhos.
Nasci no Bairro Santo Antonio, O bairro mais bucólico daquela Aracaju no
final da década de 40,cresci nas suas ruas descalças colecionando álbuns de
figurinhas como dos filmes, Os dez mandamentos,Ben Hur, Alice no país das
maravilhas,A dama e o vagabundo,de times de futebol,as premiadas que iam da
bola de futebol(couraça) até o Fusca como o maior premio.E os Gibis?Capitão
Marvel,Kit Carson,Cavaleiro Negro,Bat Masterson,Tarzan,Fantasma e as
infantis,Luluzinha,Bolinha, Pato Donald e tantas que não recordo no momento.A
procura de tampinha de garrafa premiada,
o jogo de “marraio” ,jogávamos futebol na rua,ou ali perto no Campo do Vila
Isabel, marreta,furão ,pião garrafão. Tinha o tempo de empinar arraia e outros
esportes salutares da época e sem esquecer, brigávamos muito,ficávamos de “mal”
como se dizia na época mas nunca ficávamos inimigos,pois quase sempre no mesmo dia fazíamos as pazes.
A criança daquele tempo tinha infância, principalmente as mais pobres.No
domingo iamos a Praia do Bairro Industrial sempre superlotada, e a tarde o cinema barato. O São Francisco,Atalaia e Rio
Negro (Santo Antonio)O Vera Cruz e o Bonfim no Siqueira Campos,o Cine Tupi,Rex
e o Guarany.Os bacanas eram O Palace,Vitoria,Aracaju e Rio Branco.Para os mais
saudosistas aconselho a entrar no blog aracajuantigga,que é muito bom e por
sinal vale a pena acessar,nele pode se ter a idéia de quantos cinemas tinha
Aracaju naqueles tempos.Por exemplo:O Cinema Universal funcionou no mesmo
endereço do Cine Palace.
Nasci na
rua de Armindo Guaraná e morei nas ruas de Silvio Romero,Japaratuba e Dom
Quirino. O nosso bairro sempre foi famoso por suas festas religiosas e
tradicionais, como o natal por exemplo.O meu bairro é famoso e ainda é, por ser
o bairro mais católico do Brasil.Como era bonita a Procissão do Bom Jesus dos Navegantes,e
os presépios .Nossos pais nos levava para assistir a Missa do Galo na Igreja do
Espírito Santo. As crianças sempre ficavam sentadas nos degraus em frente do
altar.No começo eram barulhentas e inquietas, levavam até carão do padre, mas
depois da comunhão todas estavam dormindo amontoadas uma nas outras. Depois
voltávamos para casa para ver se tinha presentes, o que nem sempre acontecia.Apesar de sermos pobres nunca deixamos de ganhar roupa nova de final de ano.Nossos pais nos levava para a festa da praça do Parque Theófilo Dantas para andar nos
brinquedos, roda gigante,barquinho e andar de cavalinho no Carrossel do Tobias.Comíamos tudo o que era de doce. Ainda lembro de um que era cheio de castanhas dentro de um barquinho de papel cheio de bandeirolas. Depois voltávamos para cansados e a pé e de sapato na mão, sapato
novo naquela época dava um calo danado.Eu ainda alcancei.os famosos tamancos de madeira revestido de couro cru e pintado de preto, quando era novo deixava a pele de cima do pé em carne viva e era usado até se partir no meio e tão fino que ficava a madeira.Quando apareceu as havaianas demorou para se tornarem de uso comum.No começo quando alguém aparecia calçado era chamado de "fresco".Só com o tempo e com a queda do preço acabaram com esse preconceito
As festas juninas sem duvida era a melhor de todas.Tinha de tudo, a canjica, milho assado ou cozinhado e a guerra de buscapés.O carnaval daqueles tempos tinha os blocos de rasgadinhos que circulavam pelo bairro nos quatro dias e aja cachaça para os desordenados componentes, cada um desfilava a sua feição, e a meninada a bater nas latas de goiabada e de leite Ninho.
As festas juninas sem duvida era a melhor de todas.Tinha de tudo, a canjica, milho assado ou cozinhado e a guerra de buscapés.O carnaval daqueles tempos tinha os blocos de rasgadinhos que circulavam pelo bairro nos quatro dias e aja cachaça para os desordenados componentes, cada um desfilava a sua feição, e a meninada a bater nas latas de goiabada e de leite Ninho.
No
nosso bairro moravam pessoas importantes do nosso folclore e cultura.Eu morei
vizinho ao melhor radialista sergipano de todos os tempos.Silva Lima.Foi ele quem
me ensinou o gosto pela leitura.Sempre que lia as revista Cruzeiro,Gazeta
Esportiva esta ultima mostrava os lances
de gols do futebol carioca através de
caricaturas de desenhos de bonequinhos,jornais de Sergipe e do sul do país, ele
me dava para ler.Com o passar dos tempos a sua doença foi se agravando e no
final de vida ele já não saia de casa.Nessa época ele já morava na rua Arnaldo
Dantas na subida da colina do Santo Antonio.Quando eu fui convidá-lo juntamente
com Dona Diva a sua esposa, para serem nosso padrinho e madrinha de casamento,
ele pediu-me que procurasse um outro casal, pois ele não tinha mas condições de
locomover-se.Com lagrimas nos olhos ele me prometeu fazer uma bela crônica no
dia do casamento.Foi um dos melhores presentes
que recebi.Não a escutei mas soube por pessoas que foi uma das mais
belas crônicas feitas por ele.O seu Informativo Cinzano sem duvida era o noticiário mas ouvido no estado. Sergipe das
12:25 as 12:30 parava para ouvi-lo.Falava três idiomas fluentemente.Era
polemico.Foi vereador atuante e por certas vezes engraçado e satírico.Dizem,
não sei se é verdade ou não, mas ainda hoje se comenta esse fato. O Tonho Ron
Ron, um cidadão que era “fanho”, vivia
na Radio Liberdade e na Federação Sergipana de Desportos, e acalentava um
sonho. Ser locutor de radio. Ele pedia ao Silva Lima insistentemente uma oportunidade.Silva Lima sempre recusava o pedido mas com habilidade e sutileza.- Ora! onde já se viu um locutor naquelas condições! Confidenciava com amigos.mas o Lima tinha um bom coração e um dia resolveu realizar o sonho do Tonho. - Olha Antonio! Eu vou lhe dar uma oportunidade.Você vai ser repórter de fundo de gol e preste atenção, basta você dizer como foi o lance do gol e pronto! - Disse o Lima. O jogo foi
Confiança e Vasco de Aracaju. O Vevé que era centro avante do Confiança e dono
de um potente chute. Este recebeu a bola na entrada da área e mandou um canhão que o
goleiro do Vasco nem viu a bola entrar. Aí grita o Silva Lima naquele seu
estilo inconfundível – Antonio conta para os ouvintes da campeã como foi o
lance do gol! O Tonho Ron Ron, Confiança doente e carregado pela emoção
explodiu. – Foi um oul(gol) da porra Lima! Perdeu o emprego na hora.
Sem
duvida alguma pode se afirmar com precisão que a historia do radio sergipano
teve fases distintas, mas a do Silva Lima foi a mais importante e deixou uma
grande escola de profissionais do radio sergipano.
Esta
crônica eu dedico a Silva Lima o ícone do radio sergipano
Da serie personagens marcantes que fizeram a História do Bairro Santo Antonio
Da serie personagens marcantes que fizeram a História do Bairro Santo Antonio
Jose Wellington Figueiroa Melo--------Publicada no dia 27/11/2011
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